sábado, 29 de janeiro de 2011

O LIXEIRO !

Eu tinha uns 5 ou 6 anos; a casa  que moravamos, não tinha recuo, as janelas davam para a rua, e treis vezes por semana, eu tinha hora marcada pra ficar lá, quando me distraía, minha mãe(senhora distinta), me lembrava do horário, é porque era a hora do lixeiro passar, aqueles homens magros, que corriam muito, verdadeiros atletas, e que, tinham uma pontaria muito boa, acertavam os sacos no caminhão, e eu achava muito legal.Mas eu tinha um motivo especial para ficar na janela, um deles era meu PAI, ele escolheu esse bairro, para poder me ver, ele passava correndo, mas acenava pra mim, me dava um sorriso, jogava beijos, eu não podia falar com ele, não dava tempo, tudo era muito rápido, mas era como eu matava a saudade dele.E assim, não me lembro por quanto tempo, mas um dia mudaram ele de bairro, e eu fiquei muito triste, mas logo depois, ele foi trabalhar numa escola municipal, como guarda, e eu fiquei muito feliz, porque ele era meu atleta, mas dizia para minha mãe, que ele deveria chegar em casa muito cansado de tanto correr.Minha mãe realmente era muito especial, ela nunca me privou do convívio com meus verdadeiros pais.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vó Elza

Vó Elza

A MOÇA DA BOLSA DE CONTAS !!!

Era época de natal, e o comércio ficava até as 22 hs aberto, a cidade toda enfeitada, muitas luzes, e eu apaixonada pelas lojas americanas, fui passear com meu irmão mais novo, acho que eu tinha uns sete anos, fiquei encantada quando me convidou, e hoje me recordo muito bem;foram poucas as vezes que passeamos juntos, só nós dois; tomamos sorvete, olhamos as vitrines, fiquei maravilhada com as lojas de brinquedo, e lembro que escolhi um brinquedo, chamado, cai não cai; bom, era certo , que quem ía fazer a entrega, era o papai noel! Nos divertimos bastante, bom ,quando reclamei que estava cansada , ele me pediu pra esperar um pouquinho, ás lojas fechavam suas portas, e quando olhei, vinha uma moça bem magrinha, cabelo curtinho, em nossa direção, era sua namorada, a moça que fazia bolsa de contas!, eu achei o máximo,as bolsas eram lindas, e ela muito simpática, fez tudo para me agradar.Confesso que fiquei com ciúmes, afinal ele brincava muito comigo, me fazia cócegas, me chama de leão, porque eu ficava muito brava; mas no fundo eu adorava! Eles se casaram, tiveram dois filhos lindos, e foram muito felizes. Ele faleceu à 7 anos atrás, mas esta muito vivo em meu coração.Eu te amo , meu Di.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A PRAÇA XV !



Minha mãe, (a sra. distinta), hoje fico analisando, e chego a conclusão de que era mesmo muito especial, ela sempre me levou a casa dos meus pais biológicos, e nunca me privou do convívio com eles, é claro, que eu, uma criança, ficava muito tímida e receosa com relação a eles e aos meus irmãos que vieram depois de mim;me lembro bem de todos os lugares onde moravam, no começo era um barraco de zinco, e eu morria de medo de encostar nas paredes dele, depois me lembro de uma casa pequena com um quintal bem grande, o banheiro era fossa, e tinha uma cisterna também, achava tudo diferente, mas tinha medo daquele lugar, a outra casa que conheci, ja era melhor, tinha uma varanda grande, e lembro dos comentários da minha mãe, quanto ao progresso da família, e depois conseguiram comprar uma casinha de fundos, onde moraram bastante tempo.Em todas elas, nós visitavamos a família, nos natais, dia das mães, páscoa, e todas as datas comemorativas.Eu tinha uns doze anos, pedi para minha mãe(senhora distinta) que preparasse um lanchinho bem gostoso , porque eu precisava ir na praça XV; lembro como se fosse hoje, eu era bem magrinha, vesti meu melhor vestidinho, eu achava ele lindo, era estampado de verde, com lastex no busto(feito pela tia mariazinha), me sentia muito chique, passei água de colônia da minha mãe, fiquei bem cheirosa, e fui sózinha, pela primeira vez, de circular, até a praça XV.Desci do circular com um certo medo, estava sózinha na rua, mas apertei o passo, atravessei a rua, e lá estava ela, com suas companheiras de trabalho, de chapéu, e uniforme, quando me viu abriu um lindo sorriso, e disse para suas amigas com muito orgulho, essa também é minha filha! Ela ficou muito emocionada, com a minha atitude e preocupação com ela. A minha mãe era funcionária municipal, ela e suas amigas eram as responsáveis por deixar a praça XV, bem limpinha, ela era gari, e eu me orgulhava muito disso.A partir desse dia, pelo menos uma vez por semana minha mãe preparava o lanchinho e lá ía eu toda importante, sózinha, visitar a pessoa mais importante da praça XV!

domingo, 16 de janeiro de 2011

O CORAL...

Minha mãe me contou, que até eu entrar pra sua vida, ela jamais saíra de casa, vivia para a casa e os filhos, mas ela gostava muito de cantar.Quando era bem jovem, foi convidada pelo diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e sua esposa, pra mudar para lá, mas naquela época meu avô não permitiu; então, depois que eu apareci, ela resolveu entrar no CORAL da Lítero musical de Ribeirão Preto. Começou a frequentar os ensaios, uma vez por semana, e eu a acompanhava, dormi muitas vezes na cadeira, mas também aprendi a apreciar música clássica, e meu pai, que adorava dar umas voltas, que não era nada caseiro, nunca mais saiu de casa, ele passou a cuidar de mim. Me lembro muito bem de quantas vezes , eu adormeci no seu colo , assistindo televisão, eu era muito medrosa, tinha medo de escuro, e enquanto minha mãe não chegava, ele não me colocava na cama.E assim foram anos e anos, eu adorava brincar na cochia do Teatro Pedro II, enquanto eles participavam do concerto, as crianças, filhos de integrantes do coral, brincavam lá; muitas vezes ela me sentava na primeira fila, e eu adormecia, e quando a orquestra tocava imponente, eu assustava e acordava, e ficava lá até o fim. Minha mãe tinha uma vóz de soprano lírica, simplismente linda, ela se destacava, foram apresentações no Teatro, aqui , na região, em São Paulo, na Câmara municipal, assisti a várias entregas de títulos de cidadão Ribeirãopretano, eu era a mascote do coral, e todos os políticos da época me conheciam, rsrsrs; confesso que em casa, quando ela colocava aqueles discos de vinil, de ópera, eu tinha medo e me escondia debaixo da cama; depois com o passar do tempo aprendi a gostar. Ela era a minha estrela!!!! E hoje continua sendo minha estrela imortal!!!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O NATAL.......

Quando eu tinha uns cinco anos, lembro-me como se fosse hoje, dormia numa cama de solteiro, ao lado da cama dos meus pais; minha mãe se deitava comigo para contar estórias, e eu adorava a estória do João e o pé de feijão, ela repetia várias vezes;mas sempre apagava a luz do quarto, e eu tinha muito medo, então, ela contava estórias até eu dormir.Era época de natal, ela montava uma árvore de galhos secos, e aquelas bolas coloridas, que quebram, e colocava bastante algodão, para imitar a neve, ficava linda!Um dia eu ja estava quase dormindo, a luz do quarto apagada, e minha mãezinha ali firme, meu irmão entrou no quarto e acendeu a luz,e disse ho,ho,ho, sou o Papai Noel.Meu coraçãozinho disparou, ele estava  com o rosto cheio de espuma de barbear, levei tanto susto, que não acreditava mais que era meu irmão.Fiquei muito tempo com medo de Papai Noel.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Bambina.....

Até agora, eu não me lembro de nada, é tudo que escutei durante uma vida; e hoje conto do dia da mudança de residência, o comerciante (meu pai) não teve muito sucesso nos negócios, deixava na mão do irmão, e adorava um jogo de azar, até que um dia, teve que vender a casa  que moravamos, e comprou uma mais humilde , num bairro, que naquela época era mais afastado, hoje é bem central.
No dia da mudança a nona foi ajudar, foi quando me desceram do caminhão, e a nona, gritou a vizinha , que curiosa estava sentada na sua porta , para apreciar o movimento: por favore , olhe a BAMBINA, e assim começou nossa trajetória no vulgo beco das cabras. Eu tinha apenas 3 anos, e daí pra frente, começo a me recordar de algumas coisas, esta vizinha, me levava no seu quintal, e lá, era adorável, um pequeno pomar, tinha uma parreira de uvas muito bonita, ela colhia as uvas e tirava as peles e sementes, com muita paciência, e me dava, com muito carinho.Não tenho muitas lembranças da família nessa época.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Uma vez escutei.........

Agora, a partir do momento em que fiquei na casa e na companhia da senhora distinta, que era esposa de um comerciante, e que tinha dois filhos, um adolescente de 17 anos, que negociou com meu pai, e outro pré adolescente de 12 anos; então começava aí a trajetória da minha vida , ganhei um outro pai, uma outra mãe e dois irmãos, passei a morar com eles, enquanto meu pai trabalhava e minha mãe estava internada se recuperando de uma tuberculose (que nunca foi tuberculose, descobri isso faz um mês, e olha que tenho 48 anos agora), pois é ,,agora , já não me lembrava mais da minha mãe , então passei a chamar a senhora de mãe, não me lembro de nada disso, é o que me contavam. Um dia essa minha nova mãe, disse que estava na casa da mãe dela, agora minha avó italiana (a nona), quando recebeu um telefonema do filho de 12 anos, dizendo, pra ela ir embora comigo, porque, a minha verdadeira mãe estava lá, foi me buscar; então ela se pôs a chorar, disse que ja tinha se apegado a mim, e não queria mais me devolver, quando a nona disse: vá, vc prometeu ao pai dela que cuidaria até a mãe se recuperar. Bom , e ela foi embora comigo, quando chegou em casa ,lá estavam eles, minha mãe se pôs a chorar também, e eu não me lembro de nada disso; mas ao me ver, bem cuidada, numa boa casa, sendo amada; ela disse que era só uma visita, que ainda estava se recuperando, e não podia me levar, pois estava grávida de novo, e a vida não estava fácil. As mães se abraçaram, e se despediram, e eu continuei lá, porque ,nessas alturas a minha mãe, já era a senhora, pois agarrei seu vestido e não soltei, e a chamei de mãe.E as duas queridas tem o mesmo nome, isso é coisa de Deus, acho que assim ficou mais fácil!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Como fui adotada !

Com apenas 1 ano de idade, meu pai , um jovem desesperado com a saúde da esposa, trabalhador rural,
e com 2 filhas, precisando trabalhar , e com uma mãe, madrasta, que não aceitava as netas, entregou suas duas filhas, para duas famílias vizinhas totalmente estranhas, assim minha vida começou; eu descalça e com um vestidinho bem surradinho, pele branquinha e cabelo castanho bem lisinho, tijelinha, olhos verdes e tristes, tinha me separado da minha mãe e da teta dela também, não me lembro, mas deve ter sido triste! Fui negociada num bar, do lado de uma escola, meu pai e um rapaz de apenas 17 anos, conversaram e o rapaz nos levou até a casa dele, onde me apresentou a sua mãe, uma senhora distinta, de situação financeira aparentemente razoável, que não sei se por desespero, fraqueza, e é claro muita confiança, ele já me largou lá, e minha irmã de 2 anos, ele levou pra vizinha no dia seguinte, bom nós íamos para o lar santana, e assim começou minha estória de filha de criação!!!!